Tic, tic, tac...
As coisas parecem estar voltando ao normal ao meu redor, e confesso que depois de meses de euforia, novidades, aventuras e prestes a entrar na casa dos 30, me sinto feliz. Ainda não completo, não totalmente satisfeito - o que eu jamais estarei e nem quero estar. Satisfação e comodismo para mim são divididas por uma linha muito tênue. Gosto de mudar, de tentar, errar e acertar. Nunca parar de tentar ver além do que me dizem.
Não tenho medo de trocar de emprego, de viajar, de ter que fazer novos amigos, de me inserir em novos ambientes. Tenho medo de não ter quem eu amo por perto, isso eu tenho.
Esse final de semana foi tão especial para mim, tão simples, mas tão honesto. Almoço com pai, mãe e mano. Ler na minha cama mega aconchegante com minha cadela roncando ao lado. Conversas ótimas com a Fers direto da Polônia e muita felicidade pelas novidades contadas. Esperando ancioso pela volta dela.
Me lembro quando eu queria voltar de Londres e as pessoas me diziam para ficar. Até minha mãe coruja me incentivava a ficar mais tempo. Quando se está frágil, longe de tudo, qualquer um que diz "volta" é um pulo para o aeroporto. Após dar os conselhor básicos de "tenta outra cidade ou muda de país" vi que a coisa era mais séria. Chega uma hora que a gente quer a nossa casa, nossa rua, nossa língua, ser cidadão, poder mandar alguém tomar no cu e não ser preso. Mesmo que para isso a gente tenha que voltar à terra brazilis... o que é brabo, dá medo, dá uma sensação de "perdi o jogo". Mas falo por experiência: passa logo. A vida é onde a gente faz. Se não está bom, o aeroporto é logo ali. O primeiro passo a gente já deu, já deu a cara a tapa, ouviu merda, pegou pesado, choramos e rimos. Mas vivemos e ninguém pode tirar isso da gente. E sempre teremos Paris!!!
Perdedor é quem nunca tentou. Quem nunca se arrisca, quem não desbrava. Quem critica e não faz.
Essas idas e vindas não mudam em nada o que se construiu. Ver a Raca por dois dias, na minha mesa com a Re, a gente rindo, se implicando, tudo igual após 5 minutos juntos. Incrível como tempo e distância em nada atrapalham aqueles que se encontraram lá no fundinho do coração. Uma vez juntos, se for verdadeiro mesmo, é pra sempre. Sábado, caindo o mundo, eu mais tonto que velho com labirintite-com fome- bêbado, mas fui lá firme e forte. Minhas duas coisas lindas valem mais que minha cama (barulhenta) e uma boa noite de sono. E coisa boa é estar com quem faz parte da tua vida. Poder respirar sem encolher a barriga, mostrar as buchechas inchadas e as botas rasgadas. Coisa boa essas duas, numa noite regada a chopp, mesmo com num bar com péssimo atendimento e uma chuva torrencial. Elas sempre valem a pena. Sempre.
Santa Fé no domingo como nos velhos tempos, com outros velhos amigos. Podia ver a Leti chegando no Gol azul e a Juli vindo a pé de casa. Todos fazendo planos, reclamando, rindo, falando dos outros, "nós os perfeitos", como diz a Juli nos autocriticando. Saudade.
Em algumas horas farei 30 anos, bem feliz em ter essas e outras pessoas especiais do meu lado. Gente nova lá do Frango, gente velha lá da PUC, da rádio, da Espanha, de Londres, da Dinamarca, da vida. Feliz em olhar pra trás e ver o que aprendi, o que errei, o quanto acertei. Feliz por descartar o que não presta, o que me faz mal.
Só não larguei o cigarro.
E nem ganhei na loto!