domingo, julho 04, 2010

Vale a pena?

Preciso reclamar um pouco da vida, só pra variar. Então se você procura algum toque de humor pule este post, pois neste momento estou com cara de pouquíssimos amigos, com fome, cansado e num mau humor homérico.

Depois de uma sexta-feira light com direito a assistir a um ataque de loucura no Frango no Cesto (que contarei depois) e um sábado mais que agradável com minha adorável Laura, meu grande amigo Matheus e a sempre amada Lunara – sem esquecer a companhia agradabilíssima da Délia – acordei no domingo num ótimo humor. Sentimento de família feliz no coração.
Mas foi só descobrir que minha mãe me passou a perna, mais uma vez, que todo o El Niño interno adormecido em mim acordou. Ouvi que eu parecia o El Niño de uma pessoa que foi, há tempos atrás, muito importante pra mim. Mudo de humor numa questão de segundos. Tenho plena certeza que não tenho nenhum distúrbio, TOC, DAD, Bipolaridade e nada disso. O que desencadeia toda a minha irritabilidade é me fazer de trouxa, dizer coisas que eu não disse ou mandar em mim sem razão.

Como alguns devem saber, minha avó faleceu há alguns dias e agora vem a parte mais complicada que é tentar evitar que minha mega consumista mãe não torre o pouco que ela nos deixou em dezenas de potes de margarina, potes de plástico, muda de planta ou inúmeras comidas que irão, com certeza, apodrecer na geladeira. Apesar do testamento deixar claro que tudo o que nos foi deixado deverá ser dividido entre minha mãe, eu e meu irmão, na primeira oportunidade minha mãe já se apropriou de parte do dinheiro.
Importante registrar que não se trata do dinheiro em si, pois não sou uma pessoa que, ao contrário da minha mãe, enlouquece por ele. Trata-se de confiança, de caráter, de pensar nos outros e principalmente jogar limpo desde o começo. Sou mega honesto e jamais passaria um dos dois para trás, mas infelizmente não se pode dizer o mesmo da outra parte. Pior foi descobrir por terceiros e ficar com a cara de babaca. Bastou para que eu não trocasse uma palavra durante o dia todo. Pra não dizer que não falei nada, fui curto e grosso: espera sentada uma assinatura minha pra liberar o resto. SENTADA.

Ontem eu estava comentando que estou cansado de ser o fio terra da minha família e hoje confirmo o que eu tuitei estes dias: é difícil ser eu. Sou incapaz de passar alguém pra trás, extremamente maleável e de fácil convivência, prezo pelo bem de todos e sou amigo pra todas as horas. Com o tempo, começo a me perguntar se isso realmente vale a pena.

Vale a pena levar patada atrás de patada no trabalho e não dizer todas as verdades que guardo secamente dentro de mim pra não magoar as pessoas? Vale a pena me deslocar de onde eu estiver e a qualquer hora pra levar alguém ao médico só porque nunca aprenderam a guardar míseros R$ 50 pra pegar um táxi? Ou perder minhas preciosas horas de sono enchendo a cara de cerveja num boteco para ouvir os problemas alheios e tentar ajudar a pessoa? Sem contar, é claro, pagar a conta, a viagem, os táxis, sem receber nunca de volta? Perdoar todas as traições do meu pai e ainda ser um exemplo de educação e carinho com a mulher com a qual ele traiu minha mãe por 20 anos? Ou escutar minha mãe gemer de dor – ok, às vezes sentindo algo mesmo – os 32 anos da minha vida? Repetir 347 mil vezes a mesma coisa pro meu irmão e ter plena certeza que ele não vai fazer o que eu digo e se fuder? E tudo isso sem quase nunca ouvir a simples frase: tá tudo bem contigo?

Para estas pessoas eu não sofro por amor, não tenho (sérios) problemas financeiros, não tenho trancos e barrancos no trabalho, não tenho absolutamente nenhum problema. Não corro risco de ter cirrose e morrer de câncer aos 50 anos, de ter uma crise de stress ou dar uma patada tão grande capaz de mandar na hora a pessoa pastar no Uzbequistão.

Pois caso ainda não saibam, sim, sou capaz de tudo acima e muito mais. É só me deixar no estágio que estou hoje. Nem a caminhada de 1h30 da tarde, vendo uma coisa lindíssima na pista e ouvindo as músicas que estava horas pra baixar, me curaram. Então, graças à insistência da amiga Laura e ligação posterior da dupla de super amigas Rê & Raca, vou pro samba agora, tomar uma cerveja e ver gente interessante.

Prometo não morder. Assim espero.