sábado, outubro 22, 2005

Fragmentos de uma sexta-feira...


Saí do trabalho e dei um tempo em casa vendo os meus programas prediletos: os de gastronomia. Chef Alan, Anonymous Gourmet e principalmene o Jamie Oliver, o inglês que fala com uma batata quente na boca, com o sotaque britânico puxadíssimo que me mete medo de não entender nada nem ninguém em Londres.
Depois de 6 dias totalmente abstêmio, resolvi dar um pulo ali no Frango no Cesto da esquina tomar UMA cervejinha. Adoro aquela espelunca. Ceva barata, tratamento VIP , do lado de casa e principalmente seus personagens que estão sempre lá batendo ponto.
Sentei na mesma mesa de sempre. A sexta mesa da fila da frente da porta, ao fundo, ao lado no freezer da Polar. Pedi minha ceva, meu cigarrinho e fiquei lá observando o movimento.
Na mesa da frente, a 2 R (sim, eu sei até os números das mesas) tinha uma turma de amigos. Entre eles, um cara com seus 40 anos, com uma calça capri, uma camiseta preta dessas de banda. Estava com a sua namoradinha... um guria ruiva, com seus 24 anos por ai. Que casal feio! Levantaram da mesa e se abostaram na frente da porta se beijando. Língua aqui, língua lá, o feio resolveu se abraçar na feia – bem mais alta que ele - e assim ficou, com a cabeça no peito da guria. Minutos! Um, cinco...dez minutos, ele com uma cara de apaixonado e a feia com uma cara de cu. Se fosse eu, já teria dado uma joelhada no saco. Odeio gente grudenta. Como o casal estava na porta, atrás deles, uma fila indiana de entregadores de cerveja, cigarros e pão de X aguardava o final da cena romântica. O negrão da Kaiser me olhava e ria. Coube ao entregador da Polar a tarefa de, depois de tempo, tirar o casal feio da porta.
Minha primeira cerveja acabou nesse meio tempo. Pensei em pedir outra, mas eu estava com um sério problema: gases! Olhei para os lados, ninguém. Foda-se, queria aliviar a coisa ali mesmo. Ora, pra que serve a tática de soprar a fumaça em direção a cadeira enquanto o tal gás sai? Exatamente para dar um pum sem sair do lugar! Cansei de fazer isso. Mas dessa vez, resolvi ser mais educado e ir ao banheiro mínusculo do bar. Fui lá, entrei no mini recinto e fui para a cabine. Me matei peidando. Alto, forte e claro, fedorento. No meio do ato pensei que teria matado o bar todo se peidasse assim sentado na minha mesa. Nem mesmo a tática de fumar um charuto me salvaria da vergonha. Cabine impregnada, Adri aliviado. Ao abrir a porta...surpresa!!!! Três pessoas esperavam para entrar! Não sabia onde enfiar a cara. Antes eu tivesse soltado tudo na mesa mesmo. Pelo menos poderia culpar algum dos outros personagens do bar.
Podia culpar o Baiano de Alagoas, um senhor de 74 anos que vem lá da zona norte todos os dias tomar sua água mineral com gelo e limão ali no bar. Ele é alagoano, mas tem o incrível apelido de Baiano. Pessoas idosas não conseguem segurar essas coisas. Principalmente quando riem. É batata. Ri e peida na hora. Se eu tivesse peidado lá, só precisaria fazer o cara rir. Mas ele tava sozinho, meio triste. Na sexta, os amigos dele não foram. Um bando de senhores que passam horas falando sobre política, futebol, mulheres e sobre o excesso de punheta que os jovens batem quando descobrem os prazeres da adolescência. Sim, eles falam isso. Com direito a descrever a câimbra na panturrilha no momento final. Eu, pelo menos, nunca tive essa sensação.
Lá na rua, sozinho, um dos caras mais legais do bar. O cara é totalmente estiloso, rock’n’roll inglês, típico indie, publicitário bom de papo, e que às vezes leva o filho Gabriel de 6 anos que me adora e passa horas conversando comigo. Comecei a cogitar mais uma vez a idéia de ter filhos depois de uma longa conversa sobre a primeira série que tive com ele. Me presto e adoro o gurizinho. O indie não está mais sozinho, pois o advogado taradão acabou de sentar na mesa dele. Esse me persegue. Em qualquer bar que eu vá, lá está ele com sua pasta poída, a Folha de São Paulo e a Serramalte Pílsen de sempre.
Pedi a terceira – a segunda eu tomei logo após o episódio de peido – bem na hora que o estudante de Educação Física chegou para beber a Polar dele no balcão. O cara é fiscal de academia de ginástica, mas bebe e fuma mais que eu. Na mesa do canto, o casal de lésbicas que cuida de gatos de rua. Acho elas bem legais. Devem ter uns 45, 50 anos e há uns 20 juram que são só amigas. Arrã! Nasci ontem!
Senti falta do professor. Um senhor de cabelo e barba branca - mulher, mulher - que dá aula de matemática no meu ex colégio. A bicha véia é muito legal. Só não dá para dar corda quando ele resolve cantar as músicas da Lisa Minelli ou representar um musical da Broadway. Ou corta ou pegue a sua sapatilha e entre no ritmo. Nessa sexta faltou um monte de confirmados do bar. Seria a chuva?
Minha quarta cerveja foi no balcão conversando com o Indie e com o Anderson, gerente do bar. Guri bacana. Gosto dele. Nunca um cheque meu voltou e minha conta lá não tem limite. O indie, não sei porque, me comentou que adorava o Ray of Light da Madonna. Será que tá estampado na minha testa que eu amo a mulher? Mas eu queria mesmo era saber se ele conhecia uma banda inglesa chamada Doves. Claro que ele conhecia. Me achei o máximo falando de uma banda nova e tal, até saber que já é o 4º CD dos caras. Eu SEMPRE conheço as bandas anos depois dos outros.
O indie foi ensaiar e eu pedi a saidera. Nas conversas de balcão descobri que o meu ex colega bombado que eu achava que era michê é na verdade o receptor de coisas roubadas pelos marginais na vila perto da minha casa. Quando achava que o guri era de programa (pois vive sem camisa na esquina, qualquer dia da semana o dia todo quase) eu nem cumprimentava ele. Agora sou todo sorriso. Nunca compraria nada roubado, mas nesses casos, é melhor ser legal. Um mão lava a outra e as duas lavam o rosto.
Durante tudo isso, estava passando América na TV. Serei obrigado a fazer um comentário sobre essa merda mais tarde. Fui para casa com uma mega dor nas costas. Minha coluna está sentindo os anos de má postura no sofá e na cadeira do computador. Ficarei sozinho em casa esse findi. Amanhã é comprar um peck de latinhas, preparar os CDs e dá-lhe bailinho*!

*Bailinho: ficar em casa, tomando algo, com um som bom. No bailinho pode-se viajar sobre tudo. Você mesmo cria a situação. Eu já fiz vários temáticos: Oscar, VMA, brigas, viagens, encontros, desencontros, fama... gasta pouco, ouve o que quer, dança, pula, fala sozinho e pode peidar por tudo sem problemas.
Sim, isso é coisa de solteiro(a) encalhado(a). Se você não tem barriga, tem grana, possibilidades de fazer sexo num sábado, evidente que você JAMAIS irá entender de bailinho.
Fui...

3 Comentários:

Blogger Dani disse...

Eu simplesmente me acabei de rir com essa história dos "flatos" no banheiro do bar! Você é muito, mas muito "figura" mesmo!!! rs...
Ah, sobre seus gostos musicais, também adoro Madonna - outro dia mesmo fiz um CD com 18 músicas dela (quase todas mais antigas, e umas poucas mais novas).
Hoje trabalhei na eleição e, na monha seção, o NÃO estava ganhando de 220 a 85... vamos continuar torcendo!

Beijos!

4:55 PM  
Blogger Fernanda Souza disse...

Uma coisa é certo, vão ter que te chamar de educado mesmo assim, pois você foi até o banheiro!

Eu não sei se tu sempre foi assim e só agora esta podendo divulgar, mas parece que já estás vendo tudo com os olhos de última vez. Tu vais sentir saudades disso tudo!
Mas terá outras tantas histórias para contar!

6:46 PM  
Blogger Fers Gruendling disse...

bah, pode ter certeza que o ingles do jamie oliver eh o que falam aqui... e se tu tah na margem sul eh 20 vezes pior!!!!

eh um bom ponto mesmo: quem faz bailinho alem dos pobres infelizes encalhados, gordos, miseraveis??? certamente os que socializam nao precisam de baile...

7:49 PM  

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