quinta-feira, setembro 22, 2005

Grita, meu filho, grita....

Em mais uma edição do Programa de Índio 2005, ontem fui no show da pirralha Avril Lavigne. Mas antes de ser apedrejado, já explico que fui acompanhar a Let, pois levamos a irmã dela de 13 anos.
Olha, 13 anos era a faixa dos maiores no show, pois devia ter umas 6 mil crianças entre 8 e 11 de idade, uns 2 mil pais (dindos, tias e irmãos mais velhos incluídos) e uma centena de jovens de 18 e poucos anos. Todos, é claro, com o a desculpa de "vim, pois consegui ingresso".
Não que o show fosse ruim, a guria com seus 1m e 12 cm tem presença de palco e a voz tava legal até. Mas o que me deu nos nervos foi ver crianças de 8 anos aos berros, cantando num inglês melhor que o meu, todas as letras. Todas devidamente vestidas como Avril, penteados, calças, gravatas, saias pretas e "atitude rock-punk". Todas wannabes. Todas iguais.
Me senti um pai, com a esposa do lado, barrigudo, tomando ceva, fumando meu cigarro enquanto as crianças pulavam na pista.
Mas o bom de ir nesses shows para teens é que eu, baixinho como sou, consigo ver o show da pista sem precisar ficar na ponta dos pés.

Falei com a Let que daqui uns 6, 7 anos, metade daquela galerinha terá vergonha de ter ido no show. Me lembro do meu primeiro show. Internacional, diga-se de passagem. Fui com meu pai. Cheguei às 16h no Olímpico, só consegui lugar atrás do palco e esperei ansioso pelo início do show. Roia as unhas, fui com camiseta da banda, estava eufórico. Achava que o meu pai também estava tão interessado no show quanto eu. Eu não parava de contar a história da banda, quantos discos eu tinha, as letras das músicas que falavam sobre coisas que eu, naquele momento, estava passando. Quando as luzes do palco se acenderam, todo o estádio lotado começou a gritar e eu, meio tímido, fiquei só pulando, balançando as mãos, magrinho, loirinho, parecia um pinto tentando voar. Meu pai, bacana como sempre, falou para mim:
- Meu filho, se tu ta feliz, grita. Fala bem alto o nome da banda.
Eu, na hora, enchi os pulmões de ar e gritei:
- Mennnnuuuuuuuuuuuuuudddddddddddddooooooooooooo

Sim, eu com uns 6 ou 7 anos estava lá dançando e cantando todas as músicas e meu pai, com a maior paciência, do meu lado horas a fio para realizar meu sonho.
Depois desse evento, me sentia o máximo e comecei a admirar ainda mais o meu pai. Um dia, quando eu tivesse filhos, com certeza iria fazer o mesmo. Ontem, aos 28 anos, ainda sem filhos, tive um pequeno revival da minha infância. No velho Gigantinho, palco de outros tantos shows que eu fui. Foi lá onde fui no show do Roxette, anos mais tarde, meu primeiro show sozinho, só com amigos, e o primeiro que comprei o ingresso com meu próprio dinheirinho. Dinheiro ganho por lavar o carro do pai, por ajudar o pai nas tarefas. Nunca ganhei mesada. Só ganhava por mérito.

Ontem achei bonito e me emocionei ao lembrar a pureza que um fã tem quando ainda não se é poluído pela violência, por mensalões e mensalinhos, por dores e amores ou pelo preço de ingresso.

Ainda tenho duas paixões que fariam me sentir nas nuvens aos vê-los. Madonna, nem que seja ela de cadeira de rodas e eu de chapa nos dentes e U2, pois quando vi os caras, eu tava mais entusiasmado por estar em Buenos Aires do que ver o Bono e cia.

E confesso que em ambos, amaria estar com o meu velho do lado me entusiasmando a gritar. Grita, filho, mostra o quanto tu gosta!

1 Comentários:

Blogger Fernanda Souza disse...

Também gostei!

12:33 AM  

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